A RAiZ – Movimento Cidadanista, o novo partido lançado em
janeiro no Fórum Social Mundial em Porto Alegre pela deputada federal
Luiza Erundina (ex-PT, ex-PSB e agora PSOL-SP). Esse é o segundo partido que
Erundina funda, em 1980 a deputada fundou o PT e em 1988 se tornou a primeira
mulher a assumir a prefeitura da maior cidade do país, São Paulo. Entrei em
contato com a RAiZ e decidi escrever esse texto.
O que é a RAiZ?
Segundo o site da RAiZ, ela foi idealizada por um
grupo de cidadãos, de diversas regiões do Brasil, que sintetizam seus anseios
na Carta Cidadanista e se organiza através de um Estatuto. Nosso objetivo é nos
tornarmos um Partido Movimento, que atenda aos anseios genuínos de todos os brasileiros
que acreditam que podemos reinventar nosso país e nossa sociedade, e torná-la
mais humana, ética, solidária, inclusiva, justa, democrática e sustentável.
Questionada sobre o que inspirou a criação da RAiZ, a
assessoria de comunicação do partido falou que as inspirações eram muitas e não
só o Podemos, da Espanha, e a REDE como perguntado. “São várias as influências
da RAiZ, não só partidárias, mas também experiências de movimentos diversos”,
disse Renato Ribeiro, filiado colaborador da RAiZ. Segundo ele, movimentos
indígenas na defesa do bem viver e da harmonia com a natureza, a luta do
movimento negro e a filosofia africana do Ubuntu, as lutas históricas por
justiça social e ecológica mundo a fora inspiram a RAiZ. Ainda de acordo com
Renato, “novos movimentos que surgiram depois da RAiZ nos seguem nutrindo de
esperanças e aprendizados como o caso da luta dos estudantes secundarias em São
Paulo e outras regiões do Brasil e as confluências cidadãs que conquistaram
prefeituras das grandes cidades na Espanha.”
O que levou dissidentes do PSB e da REDE a criarem mais um partido?
“Na verdade, a RAiZ possui integrantes vindos de
diversos outros partidos e também outros que estão em sua primeira experiência
desse tipo. As razões para se juntar à RAiZ são variadas, mas têm a ver com a
busca por outras respostas para os problemas do Brasil e do mundo e por formas
de organização mais democráticas e horizontais, sintonizadas com nosso tempo e
diferentes da organização partidária tradicional”, afirma Renato Ribeiro.
Apesar da insatisfação de parte da população com a
quantidade de partidos no país, a RAiZ justifica sua criação em razão da
existência de poucos partidos ideológicos e por ser “um partido com forte
identidade e ideologia”. “A falta de democracia real dentro dos próprios
partidos se reflete no quanto estes partidos não conseguem refletir a
expectativa da população. A descrença da população com os partidos é bastante
justificável, devido à perda de capacidade de um diálogo real dos mesmos e da
chamada classe política com a sociedade brasileira”, disse a
assessoria.
Qual a diferença entre a RAiZ e o PSB e a REDE, de onde, basicamente, vêm os militantes do partido?
As informações difundidas na mídia, que destacam a
participação do historiador Célio Turino (ex-REDE) e da deputada Luiza Erundina
(ex-PSB), fazem-nos acreditar na hipótese que “ex-marineiros” e ex-socialistas
dominam o novo partido.
“Como já dito, a RAiZ não é formada basicamente por
ex-militantes da REDE e PSB, há uma grande diversidade de pessoas vindas de
muitas outras lutas. As posições adotadas de forma consensual pelo nosso
partido-movimento tem mostrado uma diferença significativa em relação a estes
partidos mencionados. Temos certeza de que os cidadãos e cidadãs saberão fazer
essa distinção, por buscamos a transparência e coerência em nossos pensamentos
e ações”, explica Renato Ribeiro.
Com a esquerda brasileira tão fragmentada, o que a RAiZ pode fazer para reunificar as forças progressistas?
A RAiZ parece estar trabalhando nessa direção de
construção de unidade. “Tudo indica que os tempos de hegemonia de um partido na
esquerda estão perto do fim. O desafio é construir novas formas de articulação
e diálogo, abrindo pontes para alianças à esquerda para conquistar os corações
e devolver as esperanças dos brasileiros e das brasileiras”, afirmou Renato.
Com um discurso que lembra muito o discurso
levantado por Marina Silva e sua REDE Sustentabilidade, Renato Ribeiro
continua: “então, precisamos buscar a unidade na diversidade,considerando
alianças programáticas baseadas em projetos concretos para cidades, estados e
país, respeitando as diferenças entre nossos movimentos. Atuamos neste sentido
em diversos Estados, tentando criar unidade programática onde for possível.
Citamos como exemplo a grande unidade em torno das candidaturas da Luiza
Erundina em São Paulo e da Luciana Genro em Porto Alegre, que contam com nossa
participação.” Mas, com certeza, há uma diferença essencial entre a RAiZ e a
REDE, a primeira toma lado tem posição, “acreditamos que a unidade de
esquerda é fundamental para conquistar as maiorias sociais em torno de um
projeto generoso para o Brasil e não desse projeto mesquinho e preconceituoso
que a direita e o conservadorismo oferecem ao país”, diz Renato sobre a
reunificação da esquerda.
Como a RAiZ tem pensado a candidatura de Erundina à Prefeitura de São Paulo?
Como dito no começo do texto, Erundina foi a
primeira prefeita da cidade de São Paulo e, agora, quer voltar a governar a
maior cidade o Brasil. A candidatura de Erundina representa o que de melhor há
na esquerda de Sampa.
“Estamos muito empenhados na construção dessa
campanha, que pode ser um marco para novos rumos da esquerda brasileira,
na busca de construir uma metrópole que seja exemplo de participação cidadã e
de um outro modelo de cidade, ecológico e inclusivo. Isso já se reflete na
campanha. É uma candidatura cheia de experiência, mas também de muita energia e
frescor, o que se expressa muito nitidamente na figura de nossa querida
jardineira Luiza Erundina” afirma Ribeiro representando a RAiZ de forma
entusiasta.
Raiz é um termo que remete a radical, a RAiZ tem medo de ser chamada assim?
Sempre ouvi que a palavra raiz tem origem ou dá
origem à palavra radical. Será que ter mais um partido radical seria bom para o
Brasil? Ser chamado de radical sempre foi ruim, pois a palavra era empregada no
sentido pejorativo. No entanto, a resposta da RAiZ me impressionou.
“Ser radical é um conceito bastante amplo e também
uma questão de perspectiva. Caso sejamos chamados de radicais por nossa posição
de propor transformações profundas na nossa organização social, que resultem em
uma sociedade mais justa, ética, solidária e ambientalmente responsável não
vamos problemas com isso. Mas, por outro lado, se formos taxados de radicais
como sinônimo de extremistas, sectários, intransigentes, esta definição de
radical definitivamente não corresponde aos nossos princípios e à forma como
atuamos”, afirmou a RAiZ através da assessoria.
Gostou da RAiZ e quer saber como participar dos
seus círculos para construção de mais uma agremiação política no Brasil?
Acessa www.raiz.org.br (na seção
“venha participar”), e receber informações em seguida sobre como é a
organização da RAiZ.
Queremos viver em paz, andar nas ruas com
segurança, descansar em Parques e Praças, ouvir música ao ar livre, teatro na
rua; respirar arte, sentir arte, ser arte. Nossa vida pode ser melhor.
Alimentos saudáveis, bom transporte, moradia digna, saúde e educação integrais
para todas e todos. Não queremos muito, queremos apenas o que é nosso. São
nossos direitos. Por isso queremos para já! RAiZ – Movimento Cidadanista, por
belas flores e bons frutos para um Brasil que vai brotar como nunca se viu!
(Trecho da Carta Cidadanista, documento de princípios da RAiZ, leia aqui: http://www.raiz.org.br/download/2d10a38e4963448faff853c313a7b917/ )
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