sexta-feira, 7 de julho de 2017

A chuva




Quando chove, a gente que anda de ônibus não aguenta mais as poças de água que ficam nas paradas, depois que saímos da parada, nos vemos sob ameaça pelos carros que passam — na maldade — pertinho do meio fio pra dar um banho em quem está nas calçadas. Vai dizer que é mentira?

Só é começar a chover que bate uma preguiça. A gente só quer ficar aquecido e, de preferência, na cama. Parece que nosso cérebro sabe o que nos espera nas ruas e quer nos impedir de passar por essas situações nada agradáveis, que além das já citadas, vem os enormes engarramentos — só a graça. 

Venhamos e convenhamos, se chover 30 minutos em Recife a cidade parece um grande hidrante aberto ou um novo rio que passou do nível das pontes. O Rio Beberibe parece que vai de zap com o Rio Capibaribe. Aí já viu, né?!

Como disse certa vez Carpinejar: "a chuva é o Apocalipse encenado no jardim de infância. É um velório da cidade morta." Mas apesar de tudo isso, a chuva é maravilhosa. Na moral, poder olhar pela janela e ver as gotas escorrendo por ela é mágico e leva-nos, muitas vezes, ao exercício da reflexão. Andar na rua e perceber a força com que a chuva toca o chão é mágico e leva-nos, muitas vezes, ao exercício da reflexão. Acho que por isso muita gente não gosta de chuva.

Refletir sobre as coisas que nos cercam, pensar na maneira como agimos, como nos portamos quando somos desafiados, refletir sobre nossas reflexões... nada disso é fácil. É muito mais confortável a gente se enfurnar dentro do quarto, debaixo dos lençóis, transformando eles em  um refúgio, do que caminhar pela chuva, destinando à potência dos trovões e à selvagem beleza dos raios um olhar altivo e cheio de nobreza.
Notar a importância da chuva e sua essencialidade é o primeiro passo para refletirmos sem medo e dificuldades. Se conseguimos perceber que a chuva é tão essencial quanto os outros fenômenos da natureza para a manutenção da vida, certamente conseguiremos parar e refletir sobre tudo sem temores. Afinal, é através da chuva que as plantas são regadas, que os rios são abastecidos, que, de certa forma, a vida é oxigenada e o mundo todos os dias transformado! 
Não raramente alguns compositores e poetas descrevem a chuva como originadora de depressão e vibes negativas. Eu até consigo entender, mas discordo. Acho, na verdade, que a gente precisa ver na chuva um desafio para entender a dimensão do mundo que está ao nosso redor, e mergulhar, como desbravadores, nos elementos ainda não conhecidos neste universo imenso.
Que venham mais e mais chuvas com todas as suas reflexivas gotas, que se dispõem ao convívio com os fortes ventos. Que elas sejam nossas professoras e nos ensinem, até aprendermos, o desafio de nos mantermos constantes em nossas posturas, ainda que não sejamos compreendidos. Que nos molhemos bastante em nossa caminhada aqui na terra, como metáfora ao enfrentamento dos problemas que temos. Que isso ocorra até o momento em que o sol surge e com sua forte luz e calor seca nossas roupas.

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