A amizade (de verdade) é o forte da adolescência, é o lugar onde nos
protegemos das decepções. Por isso (e outras coisas), tememos em colocar toda a
amizade por água abaixo, isso é normal. Não queremos perder o que nos faz bem. Aí,
quando a amizade vai bem, muito bem, de repente começamos sentir algo diferente
por nossa/o amiga/o. E o medo de comprometer a amizade aumenta.
O medo de arruinar a amizade é
uma desculpa esfarrapada. A gente sempre pensa que pode fazer a pessoa mais
feliz do que é (e eu diria muito mais feliz). Lá no fundo, nós temos a certeza
disso. Tomamos um gole de confiança e de orgulho e depois estamos convictos de
que somos os melhores para isso. Mas o medo ainda é muito grande.
A gente deixa de falar aquilo que sentimos (mesmo dizendo que confiamos
na pessoa), porque a gente tem medo, medo de levar um fora. Não adianta vir me
dizer que é pra salvar amizade, preservar
a história linda de dois amigos. Não adianta vir me dizer que está sendo
generoso e que faz o que faz pelo bem dos dois. Desculpas, desculpas e mais
desculpas! Essa é uma das faces mais horríveis da covardia, a face que se
esconde atrás da máscara da timidez.
Passam horas, dias, meses, anos e a gente cheio de hesitações, dúvidas e
incertezas. Sofremos à toa (ou como diria alguém antigamente: nosso sofrimento
é debalde). Nossa tortura emocional não tem motivação. Na amor, não existe essa
de pagar fiado, tudo é à vista. Tem que falar na hora senão acontece uma
reviravolta e o sentimento muda e vira ressentimento (isso é péssimo).
Não sofra bancando alguém forte e inflexível, esclarecida e sempre disponível,
mas que lá dentro está morrendo e se mordendo de ciúmes — nunca pensei que falaria isso. Antes de se conformar com “não fomos
feitos um para o outro”, liquide todas as possibilidades de provar o contrário.
Solte logo as três palavras redentoras. Ninguém é mais forte do que o amor!
Agora, se você é covarde como eu, infelizmente não posso lhe ajudar mais
do que dizer: “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço.”
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