Já tem algumas semanas que não escrevo por falta de tempo, tava morrendo
de saudades de vocês. Bem, então vamos lá!
Eu acho, realmente, que (quase) todo mundo lembra quando, pela primeira
vez, disse um “eu te amo” para alguém especial. Tipo, qual o momento exato. Não
sei se sabe o dia, a hora, os minutos, os segundos — se bem que conheço alguém
que não duvidaria se soubesse de todas essas informações.
Aquele “eu te amo” que foi ensaiado em todos os momentos alegres, mas
que não saiu por vergonha. Aquele “eu te amo” que percorreu toda a garganta e
chegou, inclusive, a ganhar a forma da boca, mas não saiu por medo. Eu sei que
é assim!
Aí, de repente, ele vem, como se fosse um cochicho, ou seja, é inseguro,
estranho, inseguro, esquisito, inseguro, desajeitado assim como um pedido de
desculpa.
Claro que o primeiro “eu te amo” é um pedido de desculpa. É mais ou
menos assim:
– Desculpa, mas eu te amo.
– Desculpa, eu sei que me
ferrei.
– Desculpa, eu juro que não
quis, porém aconteceu.
Falar “eu te amo” pela primeira vez é uma sucessão vitoriosa de vários
derrotas. Derrota da amizade, porque eu não consigo mais ser seu amigo (ah, é
assim sim). Derrota da independência, não sou mais teu amigo, mas também não consigo
mais viver longe de ti. E a melhor das derrotas, a derrota da mentira, não consigo
mais mentir para você.
O “eu te amo” aparece de forma extremamente tímida. Aí quem ouviu diz
que não ouviu e pergunta: “o quê?”, pronto temos que repetir ( e esta é a parte
que o constrangimento chega). Tipo, fazer a declaração é como se fosse uma
tontura leve, repetir é como se fosse embriaguez (mico). É incrível, o primeiro
“eu te amo” nunca é ouvido. Isso é agoniante,
sufocante. Tão sufocante que alguns chegam a mentir: “não disse nada, só pensei
alto.” Mas quem ‘não ouviu’ não acredita e diz: “vai, deixa de frescura, diz...”
“Chorou!” Dizer “eu te amo” é um caminho que não tem volta. Ele pode vir
com aquela voz de menino na puberdade, meio indefinida, mas ele não tem volta.
É um desabafo que se torna uma decisão e se impõe como destino. Depois não tem esse
de “eu errei”, “me confundi”, nem se você tivesse o melhor advogado do mundo,
ele não seria capaz de criar uma versão convincente para desfazer o “mal-entendido”.
“Chorou!”
Mesmo com toda essa pompa do “eu te amo”, sua declaração é quase imperceptível
diante de outro movimento que os lábios farão... chamar quem ouviu a declaração de amor de “meu
amor”. (achou que era o beijo, né?!)
Ao chamar alguém de “meu amor”, ele deixa de ser um nome, alguém, para
ser o nosso próprio sentimento. Nós personificamos o amor.
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